terça-feira, 3 de setembro de 2013

Meu Pedaço



Meu Pedaço


No Afeganistão uma mujahedin olhou para mim,
Mas não me deixou levantar sua burka,
Tinha os olhos de uma turca
E um olhar perdido no sem fim.
Eu lembrei da minha Luluza,
Da minha Lululuzinha,
Daquela coisa gracinha,
Que um dia me disse assim:
“Você é um pedaço sem mim”.
E acho que era mesmo,
Pois até hoje me falta um pedaço,
E o naco que eu não acho,
Luluza escondeu pra si.
Escondeu pra eu não achar,
Bem no fundo do seu peito,
Com que direito eu posso resgatar?
Tá lá bem guardado,
Muito bem guardadadinho
Muito menos desgastado
Que se seguisse meu caminho.

Ruy Penalva, LF, 05/02/2005.

Porque Me Chamam de Jesus?



Porque Me Chamam de Jesus?

Se não passa o cálice sem que eu beba,
Sem que sinta o sabor dessa amargura,
Com a dor e a solidão que não mereço
Não me deixes ir em vão à sepultura

Estou só, estou triste, angustiado,
Sinto a morte espreitar o meu porvir,
Se em Teu nome recebi este mandato,
Não Te ausentes bem na hora d’eu partir.

Vejo fogueiras, multidões, vejo o pecado,
Vejo um Rei numa coroa a se ferir.
Se o espírito para dor é educado,
A fraca carne não resiste o sucumbir.

Fica o grito, meu clamor, fica meu brado,
Fica meu corpo pendurado nesta cruz.
Com dois ladrões eu me encontro arrodeado,
O que eu fiz? Por que me chamam de Jesus?

Deus, Deus, por que me abandonaste!
Eli, Eli, maná sabactâni!

Ruy Penalva, Ssa, 03/08/2005.

Oi Lú!



Oi Lú!
 
Oi Lú!
Queria te ver
Comer teu pirão.
Entrar em cena.
Tô que dá pena
De solidão.

Oi Lú,
Me mostra de novo tua tatoo.
Aquela que tem uma seta
Em linha reta
Pra teu angu.

Oi Lú!
Se não presta deleta,
Se maltrata dilata,
Coisa ruim chega incerta
Quando essa dor me maltrata.

Oi Lú!
Queria ir aí comer teu pirão...

Ruy Penalva, LF, 29/01/2010.